O deputado estadual João Henrique Catan (PL) exonerou seu assessor, Vinicius Busch, após este declarar apoio à candidatura de Vivi Tobias, também do PL, na disputa por uma vaga na Câmara Municipal de Campo Grande. A decisão de afastamento teria sido tomada a pedido do presidente estadual do partido, tenente Portela, e sua filha, Ana Portela, que também concorre ao cargo de vereadora na capital.
Nos bastidores, a exoneração foi vista como uma imposição. De acordo com fontes próximas, Catan teria condicionado a permanência de Vinicius Busch no cargo à exigência de que o assessor apoiasse a candidatura de Ana Portela, uma situação descrita como humilhante para o funcionário. “O pedido de desculpa tem que vir acompanhado de uma humilhação”, teria dito o deputado, segundo informações apuradas.
A exoneração de Busch foi uma das exigências de tenente Portela, que viabilizou o aporte financeiro do partido à candidatura de Robson Rezende à prefeitura de Paranaíba. O partido de Portela destinou R$ 1,5 milhão para a campanha de Rezende, com a promessa de repassar mais recursos caso Catan concordasse em demitir seu assessor. A pressão financeira sobre o deputado teria sido determinante para a decisão de afastar Busch.
Entretanto, a situação vai além da exoneração. A candidatura de Vivi Tobias parece ter unido figuras que historicamente mantêm rivalidades dentro do PL. Após o episódio, Catan anunciou apoio ao ex-deputado estadual cassado Rafael Tavares, envolvido recentemente em uma polêmica com Vivi Tobias. O assessor de Tavares, Alexandre Yuzo, denunciou materiais de campanha de Tobias, gerando um clima de animosidade.
Apesar de não nutrirem simpatia uns pelos outros, segundo fontes que preferiram manter o anonimato, Catan, Tavares e a família Portela parecem agora compartilhar uma estratégia comum: enfraquecer a candidatura de Vivi Tobias. A movimentação interna no PL, marcada por essas alianças temporárias, mostra a intensidade da disputa nos bastidores do partido, com cada grupo buscando consolidar sua influência nas eleições de Campo Grande.
As recentes tensões, amplificadas pela exoneração de Vinicius Busch, evidenciam que o cenário político no PL segue marcado por conflitos internos, onde a luta por poder e apoio financeiro prevalece. Para Catan, que já enfrenta críticas por suas escolhas políticas, como o apoio a Tavares e parceria com Portela, a situação pode se complicar ainda mais, à medida que essas disputas internas chegam ao conhecimento público.
RAINHA DO FUNDÃO
Candidata a vereadora em Campo Grande, Ana Portela recebeu R$ 300 mil da direção nacional do PL. O montante equivale a 77% do valor de R$ 390 mil transferido até o momento para os 30 candidatos a vereador na capital pela agremiação que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O privilégio à Ana tem explicação: ela é filha do Tenente Portela, presidente do diretório do PL em Campo Grande, e comanda o PL Mulher na cidade.
Ana Portela recebeu, ao todo, R$ 310 mil em repasse e doações de campanha. Outros R$ 10 mil foram doados pelo empresário e produtor rural Jovani Batista da Silva, que teve o nome citado nas investigações sobre o suposto atentado contra o ex-deputado Loester Trutis (PL), também candidato a vereador.