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Aliança do PSDB com PL de Bolsonaro estremece pacto de Riedel com o PT

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O ex-governador de Mato Grosso do Sul, José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, riscou o fósforo e as chamas inflamaram a cúpula petista que pensa firmemente em pôr um fim na aliança mantida até agora entre o PT e o governo de Eduardo Riedel, do PSDB.

O ruído entre as legendas teria como pretexto a recém parceria política fundamentada entre o pré-candidato do PSDB à prefeitura de Campo Grande, Beto Pereira, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Eventual ruptura com os tucanos será debatida semana que vem em dia ainda não definido pelos petistas. O deputado estadual Pedro Kemp, do PT, ainda não vê risco capaz de balançar a coalização com os tucanos.

Zeca é pré-candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pela deputada federal Camila Jara. Ou seja, na campanha eleitoral, o parlamentar deve enfrentar duros embates com PSDB.

O PT participa da gestão de Riedel, inclusive ocupando alguns cargos de relevância, entre as quais a chefia da Agraer, a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural.

Zeca, em discurso na semana passada, na Assembleia Legislativa, admitiu que em caso de rompimento com os tucanos, os cargos devam ser devolvidos. Ou, o nomeado em cargo de confiança, se optar em permanecer no governo, deixe o PT.

Inicialmente, Zeca, no discurso, disse que o PT estaria insatisfeito com a gestão de Riedel pela “falta de autonomia” na Agraer, pasta chefiada por petista.

Contudo, somou-se à narrativa dele a questão política. Caso o PT eventualmente fique fora do segundo turno na disputa pela prefeitura e o PSDB seja um dos concorrentes, Zeca afirmou que “jamais apoiaria os tucanos”.

Pelo pacto firmado entre a cúpula do PSDB com o ex-presidente Bolsonaro, o ou a vice de Beto Pereira seria indicado pelo PL.

Zeca do PT é o principal insatisfeito da aliança entre tucanos e extrema direita. (Foto: Divulgação/Reprodução)

Outro ponto de vista

Já para o deputado Pedro Kemp, voz firme entre os petistas, ao menos por enquanto “não existe discussão de ruptura com o governo [Riedel] neste momento”.

O parlamentar sustentou ainda que “a aliança PSDB e PL é em nível municipal. Nós vamos avaliar os desdobramentos dessa aliança após as eleições [municipais, em outubro]”.

O Jacaré ouviu petistas que disseram que esperam um desfecho do assunto em reunião na semana passada, mas que preferiram não tratar da questão abertamente. De três que foram ouvidos, dois afirmaram que o pacto com o governo de Riedel, “deve acabar”.

“Não tem como [o pacto] continuar. Nós, petistas, cometeríamos um erro grave em manter uma aliança com legenda ligada a Bolsonaro. Não tem como”, disse um petista próximo à direção do partido.

Aliança frustrada

Outra questão sustentada pelos petistas ouvidos pela reportagem e favoráveis a ruptura com o PSDB tem a ver com um projeto político em curso combinado entre tucanos e o PT, legendas que estão de olho nas duas vagas ao Senado, cujos mandatos serão definidos nas eleições estaduais, em 2026.

Pelo acordo, o deputado federal petista Vander Loubet concorreria a uma das vagas junto com o ex-governador tucano Reinaldo Azambuja, também interessado no mandato.

“Lá na frente [2026] PSDB e PL devem seguir parceiros, daí mela a até agora acertada aliança de Reinaldo com Vander. Ou seja, melhor largar essa parceria logo. Do contrário, lá na frente a gente leva o tombo”, afirmou a fonte que acha que o PT deve desgrudar do PSDB já nas eleições municipais.