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Aluno que morreu após agressão quis defender colegas de bullying

Mãe de Carlos Teixeira disse que o filho chegou a rejeitar a proposta de sair da escola

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Michele Teixeira, mãe do adolescente Carlos Teixeira, de 13 anos, que morreu uma semana após dois estudantes pularem sobre as suas costas em uma escola estadual em Praia Grande, no litoral de São Paulo, afirma que o filho não quis deixar a Escola Estadual Julio Pardo Couto, em Praia Grande, no litoral paulista, porque queria proteger os amigos menores de bullying.

Ela conta que o filho sofreu uma agressão física dentro da escola em março, quase um mês antes da agressão que o levou à óbito. Na ocasião, a família já queria tirá-lo da unidade.

– Ele falou assim: “Mãe, eu não quero sair porque eu sou o maior da minha turma”. Falava isso porque os amigos dele eram menores, pequenininhos, e ele era grandão pela idade que tem. Ele falou que queria defender os amigos. Ele falou: “Mãe, eu quero ficar forte” – declarou Michele Teixeira ao Fantástico, da TV Globo, em reportagem exibida neste domingo (28).

A família diz que a morte seria decorrente de agressões. A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso, que é apurado também pela Secretaria Estadual de Educação.

A vítima tinha completado 13 anos no dia 7 de abril, dois dias antes das agressões. Segundo o pai do adolescente, o estudante contou que, no último dia 9, foi chamado à escola e informado por uma funcionária que seu filho havia caído da escada.

Em casa, o filho começou a chorar de dores e desmentiu a versão da queda, contando que havia sido agredido por dois colegas. Ele disse que foi arrastado para o banheiro, onde foi derrubado por um deles. Os dois pularam sobre suas costas.

Um vídeo divulgado pela família e obtido pelo jornal O Estado de São Paulo mostra o pai questionando o filho sobre o ocorrido na escola. Ele pergunta sobre a agressão e quer saber o nome do agressor. Durante conversa, o menino diz que as costas doíam ao respirar.

No dia 15 de abril, a família decidiu levar o garoto para a UPA Central de Santos, onde ele foi internado e precisou ser entubado. No dia seguinte, Carlos foi transferido em estado grave para a Santa Casa de Santos, onde teve três paradas cardiorrespiratórias e morreu.

A advogada da família do estudante, Amanda Mesquita, disse que o pai levou o filho três vezes à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Praia Grande e em todas as ocasiões ele foi medicado e liberado, mas os sintomas se agravaram.

Ao programa da Globo, a prefeitura informou que abriu um “processo administrativo para apurar os procedimentos adotados nos atendimentos. E se for constatada alguma irregularidade, as providências cabíveis serão tomadas”.

Os estudantes suspeitos de agredir Carlinhos fazem parte de um grupo que já atacou outro aluno no banheiro da mesma escola, de acordo com a mãe de outro aluno ouvido no programa. Ela afirmou ter relatado as agressões aos educadores, que não tomaram providências. O menino conta que não quer mais sair de casa e que está apavorado com o que aconteceu.

Michele Teixeira, por sua vez, responsabiliza a escola pela morte do filho.

– Um adulto vê as crianças apanhando, não só o meu filho, e fechar os olhos, fingir que nada aconteceu… – afirmou.

O gestor do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Thomás Resende, diz que a pasta instaurou uma comissão para apuração dos fatos e eventuais responsabilidades.

– A gente está no início dos trabalhos, mas a realidade atual é de que nenhuma evidência, nem por vídeo monitoramento, nem por oitivas realizadas, trazem informação de que aconteceu alguma coisa dentro do ambiente escolar no dia 9 de abril – diz.

Sobre a agressão ocorrida em março, a Seduc-SP informou ao jornal O Estado de São Paulo que, na época, ao tomar ciência do caso, a gestão escolar acionou o Conselho Tutelar e os responsáveis do aluno.

Os investigadores já têm os nomes da maioria dos alunos que participaram das agressões contra Carlinhos. O inquérito apura se houve homicídio com dolo eventual, quando a pessoa assume o risco de matar. A polícia aguarda o resultado da perícia para definir a causa da morte.

Como a investigação envolve menores, os alunos supostamente envolvidos na agressão não tiveram as identidades reveladas, o que impede a reportagem de ter acesso à defesa deles.