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Autoridades dos EUA alertam governo Lula sobre negociação entre empresa chinesa e Avibras

A possível compra da Avibras Aeroespacial pela estatal chinesa Norinco pode resultar em embargo dos Estados Unidos à exportação e ao uso de produtos de defesa norte-americanos para o Brasil.

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Segundo duas fontes ouvidas pelo jornal Folha de S.Paulo, a possibilidade de embargo foi relatada por representantes do governo dos EUA a membros da administração Lula.

Isso aconteceria porque, em 2021, o presidente Joe Biden impôs sanção à empresa chinesa alegando que o uso de produtos da Norinco representa ameaça à “segurança nacional, política externa e economia”.

Em 2022, os estadunidenses ameaçaram usar o embargo contra a Norinco em uma concorrência do Exército Brasileiro para a compra de quase 100 blindados, recorda a mídia.

As possíveis sanções sobre a Avibras, caso seja comprada pelo grupo chinês, já haviam sido sinalizadas pelo pesquisador do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (Gedes), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), José Augusto Zague.

Ao ser entrevistado pela Sputnik Brasil, Zague afirmou que tendo ou não o controle, ou seja, mesmo que a empresa chinesa não adquira a maior parte percentual da companhia, ainda assim vai ser alvo de sanções dos Estados Unidos.

Para reverter o possível cenário, empresas chinesas deveriam passar a fornecer “componentes equivalentes aos fornecidos pelos EUA”, sugeriu o pesquisador.

A presença da estatal asiática minaria, ainda segundo o especialista, negociações dos materiais desenvolvidos pela Avibras com países parceiros dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Os executivos da empresa chinesa enviaram carta a autoridades brasileiras na última semana para comunicar o interesse chinês em adquirir 49% das ações da Avibras — considerada a principal fabricante de sistemas pesados de defesa do Brasil.

O interesse chinês surgiu após o grupo de investidores australiano DefendTex desistir das negociações com por dificuldade de obter financiamento para a empreitada.

Um empresário com conhecimento das negociações afirmou ao jornal, sob anonimato, que outro motivo para o recuo com os australianos foi o fato de o governo brasileiro vetar exportações de produtos militares para uso no conflito da Ucrânia.

Na avaliação de um integrante do governo e três oficiais-generais também ouvidos sob reserva pela mídia, a proposta chinesa é importante porque mantém o controle da empresa no Brasil. Os impactos geopolíticos do negócio, porém, são o ponto negativo.

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, viaja à China em julho para participar de uma série de reuniões. Ele será apresentado a produtos da Norinco e discutirá a participação chinesa na Avibras, por mais que não tenha poder de chancelar ou vetar a negociação, relata a Folha.