Presidente embarca nesta semana para Washington a fim de oficializar aproximação com o governo estadunidense. Entretanto, na visão de especialista americano, Biden tentará não só que Lula apoie o Ocidente como também envie ajuda militar para Ucrânia.
Na quinta-feira (9), o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, viajará para os Estados Unidos para encontrar seu homólogo Joe Biden. Apesar do clima amigável entre o governo norte-americano e o líder brasileiro, antes mesmo de sua posse, há um ponto de divergência entre os mandatários: Lula não condenou a Rússia no conflito contra a Ucrânia.
De acordo com o jornalista Jamil Chade no UOL, esse será um dos pontos altos do encontro, já que Biden provavelmente tentará convencer Lula a mudar sua visão sobre o assunto.
Para o brasilianista e historiador especializado em estudos latino-americanos, James Green, Biden pode não só tentar convencer o presidente brasileiro a apoiar as forças do Ocidente como também enviar ajuda militar a Kiev.
“Tenho certeza de que Biden tentará convencer Lula a se juntar ao esforço internacional não apenas para se opor à invasão da Ucrânia pela Rússia, mas para ajudar concretamente os invadidos. Pelas declarações públicas, parece que Lula está mais inclinado a favorecer alguma forma de negociação de paz entre os dois países, o que muitos observadores consideram uma possibilidade muito difícil porque pode significar a Ucrânia cedendo território”, afirmou o historiador norte-americano entrevistado pelo colunista.
Green também pontuou que “a posição de Lula parece ter mudado ligeiramente nos últimos meses. Veremos se há alguma mudança adicional nas atitudes do governo brasileiro em relação à guerra. Tenho certeza, porém, de que Biden tentará convencê-lo a caminhar no sentido de apoiar a Ucrânia, embora neste momento pareça improvável que o Brasil esteja disposto a fazê-lo“.
Recentemente, o mesmo assunto já foi tratado pelo chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e pelo presidente da França, Emmanuel Macron, em diferentes conversas com Lula. Sobre Berlim, Lula negou um pedido do governo alemão para enviar munições à Ucrânia no final do mês passado.
Além da Ucrânia, o jornalista indagou Green sobre a atual proximidade entre o governo Lula e o governo de Nicolás Maduro na Venezuela. A ligação entre os dois já é conhecida, mas em relação ao país, que anteriormente contava com uma gestão de oposição a Caracas, o presidente brasileiro traz a nação vizinha de volta à diplomacia brasileira, portanto, qual seria a interpretação de Washington sobre o tema.
“Acho que existe a possibilidade de mais convergência do que as pessoas podem esperar. Biden parece ter mudado sua postura em relação à Venezuela e é muito menos intransigente do que [Donald] Trump, e o Brasil claramente favorece o reconhecimento do atual governo. Podemos nos surpreender ao ver algum movimento interessante nos próximos seis meses nessa frente”, respondeu.
Na última sexta-feira (3), Lula recebeu as credenciais de nove novos embaixadores no Brasil, entre eles, estava a representante diplomática dos EUA, Elizabeth Bagley, que comentou sobre a visão que Washington tem do petista.
Na cerimônia, Bagley afirmou que Biden “enxerga Lula não apenas como líder nacional ou da região, mas como líder global”, conforme noticiado.
Além de Biden, Lula deverá encontrar com políticos da ala mais à esquerda dos democratas, como Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez. Na comitiva com o líder brasileiro, estão confirmados o chanceler Mauro Vieira, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva e o assessor especial de Lula e ex-chanceler, Celso Amorim, segundo o portal Poder 360.