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Brasil, México e Colômbia pedem “cautela” na Venezuela

Lula já havia se manifestado sobre a farsa eleitoral de Nicolás Maduro, na Venezuela, para dizer que se trata de um "processo normal"

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O Brasil publicou uma nota conjunta com o México e Colômbia equipararam a ditadura de Nicolás Maduro aos manifestantes pró-democracia na Venezuela e pediram a “máxima cautela” a ambos os lados após a fraude eleitoral de domingo, 28 de julho.

Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação”, diz a nota.

“As controvérsias sobre o processo eleitoral devem ser dirimidas pela via institucional. O princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado mediante a verificação imparcial dos resultados.

Nesse contexto, fazemos um chamado aos atores políticos e sociais a exercerem a máxima cautela e contenção em suas manifestações e eventos públicos, a fim de evitar uma escalada de episódios violentos, acrescenta.

“É um processo normal”

Lula (foto) se manifestou nesta terça-feira, 30, sobre a farsa eleitoral de Nicolás Maduro, para dizer que se trata de um “processo normal”.

Durante o processo normal a que o petista se refere, a oposição foi impedida de acompanhar a apuração dos votos e opositores do regime foram presos após as primeiras contestações da eleição.

“Tem uma briga, como é que vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com recurso. Sabe?”, disse Lula em entrevista transmitida pela GloboNews.

“E vai esperar na Justiça, tomar o processo. E aí, vai ter uma decisão que a gente tem que acatar. Eu estou convencido de que é um processo normal, tranquilo. O que precisa é que as pessoas que não concordam tenham o direito de provar que não concordam e o governo tenha o direito de provar que está certo”, seguiu o presidente brasileiro, cujo governo ainda não reconheceu a eleição de Maduro oficialmente.

Uma pesquisa feita pelo instituto RealTime BigData com mil brasileiros mostrou que 73% deles discordam das falas do presidente Lula (na foto, com o ditador Nicolás Maduro) de que “não há nada grave” na Venezuela.

Somente 19% dos entrevistados concordam com a declaração do petista.

Nota do PT

Lula também comentou a nota em que o PT, seu partido, celebrou a proclamação da “vitória” de Maduro. “A nota do Partido dos Trabalhadores reconhece… elogia o povo venezuelano pelas eleições pacíficas de houveram (sic). E, ao mesmo tempo, ele reconhece que o tribunal eleitoral já reconheceu o Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não. Então tem um processo”, disse.

Segundo o petista, “não tem nada de grave, não tem nada assustador”“Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a terceira guerra mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve outra pessoa que disse que teve 40 e pouco por cento, Um concorda, o outro, não. Entra na Justiça e a Justiça faz”, minimizou Lula.

“Justiça” venezuelana recebeu na própria segunda-feira, 29, um dia depois da votação, uma acusação do procurador-geral da República contra três líderes da oposição, sob a bizarra alegação de que participaram de um ataque cibernético no momento da apuração dos votos, no domingo.

Além disso, o mesmo procurador-geral, Tarek William Saab, afirmou nesta terça que 749 pessoas foram presas por protestos contra os resultados da “eleição” que deu mais um mandato ao ditador venezuelano. Isso sem falar nas estátuas derrubadas de Hugo Chávez, precursor de Maduro.

“Não é necessário muita coisa”

Na entrevista, Lula disse ainda que “há uma proposta que está sendo feita de que Brasil, México e Colômbia assinassem uma nota conjunta”, mas não especificou sobre o que ela falaria.

“Acho que não é necessário muita coisa, não. É necessário apenas o seguinte: o presidente Maduro sabe perfeitamente bem que, quanto mais transparência houver, mais chance ele terá de ter tranquilidade para governar a Venezuela. Porque nós, eu, enquanto cidadão do planeta Terra, enquanto cidadão brasileiro, enquanto presidente, eu acho que é preciso acabar com a ingerência externa nos outros países”, disse Lula.

O petista seguiu: “Eu acho que a Venezuela tem o direito de construir o seu modelo de crescimento e de desenvolvimento sem que haja bloqueio, o bloqueio que mata Cuba há 70 anos, um bloqueio que penaliza o Irã, um bloqueio que penaliza a Venezuela. É preciso parar com isso. Cada um constrói o seu processo democrático, cada um tem o seu processo eleitoral”.

No momento, ao contrário de tudo o que Lula disse, quem bloqueia a democracia venezuelana se chama Nicolás Maduro.