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Com apoio da esquerda, Rose Modesto se alinha com Trad, Bernal e Olarte

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A disputa pela prefeitura de Campo Grande trouxe à tona alianças controversas e velhos conhecidos da política sul-mato-grossense. A candidata Rose Modesto (União Brasil), que tenta posicionar-se como opção de “centro-direita”, vem enfrentando um dilema ao alinhar-se com figuras políticas marcadas por escândalos e, ao mesmo tempo, flertar com partidos de esquerda. As parcerias levantam dúvidas sobre a coerência de sua candidatura e o verdadeiro direcionamento ideológico que representa.

Na semana passada, Rose apareceu em um vídeo ao lado do deputado estadual João Henrique Catan (PL), onde o parlamentar se esforçava para justificar seu apoio à candidata. Segundo ele, Rose era mais alinhada à direita do que sua adversária, Adriane Lopes (PP), por ter apoiado o Capitão Contar nas últimas eleições e se posicionado ao lado de Jair Bolsonaro. Contudo, o próprio histórico de Rose conta uma história diferente: após a eleição, aceitou um cargo na administração de Lula, o que evidencia sua capacidade de transitar entre lados opostos conforme sua conveniência.

Essa ambiguidade ficou ainda mais evidente em entrevista recente ao Jornal de Domingo, na qual Rose declarou-se de “centro-direita” – um termo vago que parece mais uma tentativa de apaziguar eleitores de diferentes espectros políticos do que uma real manifestação ideológica. Para aqueles que conhecem Rose, essa postura é reflexo de um pragmatismo puro e simples, onde o que importa é “o que se ganha” com cada decisão. Falar em “direita” ou “esquerda” não parece ser parte de seu repertório político ou moral.

Adriane Lopes, por outro lado, se destaca por estar rodeada por aliados claramente identificados com a direita. Seu círculo inclui figuras como Tereza Cristina, Michele Bolsonaro, Damares Alves e pastores evangélicos influentes. O contraste é nítido: enquanto Adriane goza do apoio de setores conservadores bem definidos, Rose tem que lidar com parcerias desconfortáveis e um “romance” mal disfarçado com o PT.

Entre os nomes que estão ao lado de Rose, destacam-se personagens conhecidos por controvérsias e escândalos. O ex-prefeito Alcides Bernal, considerado por muitos como o pior gestor da história recente da capital, e Gilmar Olarte, que já passou pelo presídio, são apoiadores de sua campanha. Além deles, o ex-prefeito Marquinhos Trad, recentemente envolvido em denúncias de assédio sexual, completa o hall da vergonha. Essas figuras trazem consigo um histórico de disputas por poder e ganância que colocam em risco a estabilidade administrativa de Campo Grande.

A própria postura de Rose diante das questões econômicas da cidade levanta preocupações. Em diversas ocasiões, a candidata se referiu ao orçamento municipal de R$ 6 bilhões como “dinheiro sobrando”, sem demonstrar entendimento sobre a necessidade de equilíbrio fiscal ou apresentar planos concretos para lidar com as despesas públicas. Questões espinhosas, como os salários secretos sob análise do Tribunal de Contas, permanecem sem resposta, o que só agrava as dúvidas sobre sua capacidade de governar de forma transparente e eficaz.

Caso Rose Modesto vença as eleições, Campo Grande poderá se ver novamente às voltas com disputas políticas internas e conchavos que pouco contribuem para o desenvolvimento da cidade. A possibilidade de que figuras manchadas pelo passado e sem compromisso com uma gestão eficiente retornem à cena política traz à tona o risco de um retrocesso. Isso coloca o eleitorado diante de uma escolha difícil, que transcende as simples preferências ideológicas e demanda uma reflexão cuidadosa sobre o futuro da capital.

Enquanto Adriane Lopes, mesmo com suas próprias limitações, tem a vantagem de uma equipe mais coesa e experiência administrativa recente, Rose se encontra cercada por aliados cuja lealdade é volátil e interesses, obscuros. A cidade merece um debate honesto sobre os rumos que deseja seguir, livre das sombras de um passado turbulento e marcado por administrações desastrosas.