Milhares de pessoas compareceram ao funeral do ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, no Palácio Legislativo de Montevidéu, capital uruguaia, nesta quinta-feira (15), incluindo o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e a primeira-dama Janja da Silva.
“Que a coragem, a simplicidade e o amor que marcaram sua vida sigam nos ajudando a trilhar o caminho que ele escolheu: o da luta por um mundo mais justo. E que o conforto chegue aos corações de sua amada, Lucía Topolansky, e de seu amigo e agora presidente do Uruguai, Yamandú Orsi”, escreveu Lula em postagem nas redes sociais.
Lula esteve com Mujica no fim do ano passado, quando condecorou o amigo uruguaio com a Ordem do Cruzeiro do Sul, a maior honraria concedida pelo Estado brasileiro a cidadãos estrangeiros.
Em nota divulgada pelo Planalto, Lula comentou que não poderia deixar de dar um último adeus a Mujica, mesmo após uma série de compromissos na capital chinesa, Pequim, de onde saiu para o velório, após cerca de 25 horas de voo:
“Eu conheci na minha vida muita gente, muitos políticos, muita gente que eu gosto, muita gente que eu respeito, mas o Pepe era aquela figura especial. O Pepe era aquela figura mais carinhosa, aquela figura que eu aprendi a respeitar, admirar e a seguir cada passo […] depois que ele assumiu a presidência do Uruguai. Então não podia de deixar de vir me despedir dele e da esposa dele, que, tanto quanto Pepe, é uma figura muito admirável”, disse Lula.
Também compareceu ao velório o presidente do Chile, Gabriel Boric.
O corpo será cremado em cerimônia privada, e as cinzas serão espalhadas na chácara em que morava, nos arredores da capital.
Ontem (14) houve um cortejo de despedida que saiu da Praça Independência, em frente à Presidência da República, e foi até a sede do Congresso Nacional. Pepe morreu na terça-feira (13), aos 89 anos, devido a um câncer de esôfago. O presidente em exercício do Brasil, Geraldo Alckmin, decretou luto oficial de três dias.
José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu, em 20 de maio de 1935. Ele completaria 90 anos na próxima terça-feira (20). Ele também foi senador e ficou preso por cerca de 14 anos por ter lutado contra a ditadura civil-militar uruguaia (1973–1985), pelo Movimento de Liberação Nacional – Tupamaros (MLN-T), grupo guerrilheiro urbano que operou nos anos 1960 e 1970.
Durante seu mandato como presidente do Uruguai, entre 2010 e 2015, Mujica se tornou uma figura regional ao doar seu salário para instituições de caridade, exemplificando sua crença de que não se precisa de muito para viver uma vida digna.