Na semana passada foi anunciado que a ex-presidente Dilma Rousseff será a nova chefe do Banco do BRICS. Dilma assumirá o lugar de Marcos Troyjo e ficará na chefia até 2025.
Troyjo ficaria mais tempo no cargo, no caso por mais dois anos, justamente a data oferecida à ex-presidente. Entretanto, segundo a coluna de Jamil Chade no UOL, após Troyjo ter chamado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “presidiário”, e ter dado declarações contestando o fato de que o Brasil estaria se transformando em um pária internacional, o brasileiro viu seu cargo ser ameaçado.
Lula e sua equipe de política externa insistiram que não haveria caça às bruxas contra diplomatas que tivessem servido ao governo de Jair Bolsonaro, mas isso não significaria que os cargos mais estratégicos da rede de embaixadas do Brasil no exterior seriam deixados nas mãos de pessoas escolhidas pelo ex-presidente, relata o jornalista.
Sendo assim, diplomatas e servidores públicos que foram colocados na “geladeira” pelo governo vigente estão se mobilizando para tentar vagas em outros postos, e alguns deles, como funcionários do Banco do BRICS.
De acordo com a coluna, dentro do Palácio do Planalto, a preocupação é de que esses funcionários, se conseguirem as vagas antes de Dilma assumir seu posto em Xangai, poderão representar um risco para a ex-presidente. A avaliação é de que, em tal cargo, a ex-presidente precisará contar com diplomatas leais a ela.
A mídia ainda relata que, sabendo da mudança, há uma suspeita de que aconteça uma corrida entre os bolsonaristas para assegurar que possam em parte manter a influência no fluxo de investimentos ao Brasil.
A percepção no Palácio do Planalto é de que a ampla carteira poderia ser alvo da cobiça de aliados de bolsonaristas, na esperança de conseguir recursos para projetos que apoiem regiões, municípios ou estados governados por herdeiros do governo anterior, escreve o jornalista.
Hoje, o Banco do BRICS já aprovou cerca de US$ 31 bilhões (R$ 159 bilhões) em investimentos nos países emergentes. Até o começo do governo Bolsonaro, o volume de recursos ao Brasil era modesto e não passava da marca dos US$ 600 milhões (R$ 3 bilhões), a carteira de investimentos em projetos brasileiros aumentou de forma substancial e atualmente chega a US$ 6 bilhões (R$ 30 bilhões).
Contudo, o Novo Banco de Desenvolvimento – como também é conhecido o banco do BRICS – tem uma identidade mais geopolítica, e tem como meta mobilizar recursos para investir em projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países e mercados emergentes.