Um grupo de pesquisadores brasileiros e ingleses descobriu que um conjunto de fósseis encontrados no Rio Grande do Sul, no início dos anos 2000, pertence à espécie de mamífero mais antiga da Terra. A descoberta foi publicada na revista científica britânica Journal of Anatomy.
O animal se chama Brasilodon quadrangularis, que viveu no período Triássico (pertencente ao tempo geológico da Terra chamado Noriano), há 225 milhões de anos. Os “brasilodotídeos” tinham apenas 20 centímetros de comprimento e se pareciam com pequenos roedores da atualidade, a exemplo dos esquilos.
“Os materiais não tinham uma identidade estabelecida como mamíferos, mas, sim, répteis”, observou o paleontólogo Sergio Furtado Cabreira, doutor em geologia pelo Programa de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no trabalho divulgado no início do mês.
O pesquisador foi orientado pelo professor Cesar Leandro Schultz, que também assina o trabalho ao lado de pesquisadores de diferentes instituições.
Cabreira explicou que o brasilodotídeo foi descrito desde 2003 na literatura internacional pelo paleontólogo José Bonaparte, mas que, naquele momento, “inexistiam ferramentas acadêmicas para analisar a biologia do animal”. Os cientistas brasileiros e britânicos criaram, então, um novo método, que consiste em analisar a dentição de um conjunto de três mandíbulas dos fósseis.
“Nossa pesquisa demonstrou, através de análises de microscopia das mandíbulas e dos dentes, que esses pequenos animais já apresentavam difiodontia, isto é, apenas uma dentição permanente substituindo a dentição de leite”, explica Cabreira. Dessa forma, foi possível constatar que a substituição dos dentes ocorreu dentro de um “padrão tipicamente mamariano placentário”, explicou.