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Eleições na Venezuela: Chile diz que é ‘difícil de acreditar’, EUA citam ‘preocupação’ e Brasil silencia

Pleito deste domingo registrou reviravolta suspeita de Nicolás Maduro, declarado vencedor com 51%.

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Com o anúncio do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que concedeu vitória ao ditador Nicolás Maduro nas eleições deste domingo (28), diversas reações internacionais rapidamente foram emitidas. Lideranças de diversos países questionaram a transparência do processo.

Os presidentes de Brasil, Colômbia e México, todos de governos à esquerda e com históricos laços com o chavismo, não haviam se pronunciado sobre o resultado —contestado pela oposição— até a publicação desta reportagem. Em contrapartida, o presidente do Chile, Gabriel Boric, também de esquerda mas crítico de ditaduras, afirmou que não reconhecerá “nenhum resultado que não seja verificável”.

“O regime de Maduro deve entender que esses resultados são difíceis de acreditar. A comunidade internacional e, sobretudo, o povo venezuelano, incluindo os milhões no exílio, exigem total transparência das atas do processo e que observadores internacionais independentes atestem a veracidade dos resultados”, escreveu Boric na rede social X.

De Tóquio, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, expressou “sérias preocupações” sobre o resultado anunciado, afirmando que os EUA estavam preocupados com o fato de o resultado não refletir nem a vontade, nem os votos dos venezuelanos.

“É fundamental que todos os votos sejam contados de forma justa e transparente, que as autoridades eleitorais compartilhem imediatamente informações com a oposição e observadores independentes (…). A comunidade internacional está observando isso de perto e responderá de acordo”, disse Blinken.

O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, também comentou: “O povo da Venezuela votou sobre o futuro de seu país de forma pacífica e em grande número. Sua vontade deve ser respeitada. Garantir transparência completa no processo eleitoral, incluindo na contagem de votos e acesso aos registros de voto nas zonas de votação, é vital.”

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, de direita, chamou o processo eleitoral venezuelano de ‘viciado’ e avisou que “não se pode reconhecer um triunfo se não se confia na forma dos mecanismos utilizados para chegar a ele”. A presidência da Costa Rica repudiou ‘categoricamente’ o resultado da eleição venezuelana, considerada ‘fraudulenta’.

O Peru também criticou a eleição venezuelana, com o ministro das Relações Exteriores, Javier Gonzalez-Olaechea, condenando “a soma de irregularidades com a intenção de cometer fraudes pelo governo venezuelano”. O Peru convocou o embaixador venezuelano para consultas.

O presidente da Guatemala, Bernardo Arevalo, afirmou que a Venezuela “merece resultados transparentes e precisos que adiram ao desejo do seu povo”. Ele sinalizou a importância das missões de observadores eleitorais, especialmente diante das dúvidas levantadas pelos resultados anunciados pelo CNE.

Reação da ditadura venezuelana

Em resposta às críticas, o regime venezuelano, por meio de um comunicado da Chancelaria divulgado pelo ministro Yvan Gil, denunciou e alertou o mundo sobre “uma operação de intervenção contra o processo eleitoral”.

Maduro, que comemorou a vitória que lhe dará um terceiro mandato a partir de janeiro, afirmou: “Temos de respeitar o árbitro e que ninguém pretenda manchar essa jornada bonita”.