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Em capa forte, The Economist diz que Biden deve se retirar

"Foi agonizante assistir a um velho atordoado lutando para recordar palavras e fatos", destaca o editorial sobre o presidente

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Em um editorial contundente publicado nesta quinta-feira (4), a revista The Economist argumenta que Joe Biden deveria se retirar da corrida presidencial de 2024. Segundo a publicação, o recente desempenho de Biden em um debate presidencial e a subsequente tentativa de sua campanha de minimizar o ocorrido demonstram que ele não está mais apto para a presidência.

“Foi agonizante assistir a um velho atordoado lutando para recordar palavras e fatos”, destaca o editorial. A incapacidade de Biden de articular argumentos contra um oponente fraco foi desanimadora.

“Mas a operação de sua campanha para negar o que dezenas de milhões de americanos viram com seus próprios olhos é mais tóxica ainda, porque sua desonestidade provoca desprezo”, afirma a The Economist.

A revista aponta que os efeitos dessa situação colocam a Casa Branca ao alcance de Donald Trump. Pesquisas recentes mostram que os eleitores nos estados que Biden deve vencer estão se voltando contra ele. “Sua liderança pode estar em perigo até mesmo em estados antes considerados seguros, como Virgínia, Minnesota e Novo México”, observa a publicação.

A The Economist acredita que Biden merece ser lembrado por suas realizações e decência, não por seu declínio. “É correto que os primeiros democratas comecem a pedir abertamente que ele se retire”, declara a revista, acrescentando que há uma onda crescente de descontentamento em privado. “Mais deles precisam urgentemente encarar que, se não falarem agora, Trump vencerá.”

(Imagem: Reprodução/ The Economist)

A revista argumenta que, embora os democratas estejam certos ao afirmar que Trump é inadequado para ser presidente, o debate e suas consequências provaram que Biden também não está apto, principalmente devido ao seu declínio mental. “Biden ainda pode parecer dinâmico durante aparições curtas e roteirizadas. Mas você não pode comandar uma superpotência por teleprompter”, ressalta o editorial.

Biden não é culpado por suas falhas cognitivas, mas é por insistir, com o apoio de sua família, equipe sênior e elites democratas, que ele ainda está apto para o trabalho mais difícil do mundo. “A existência de sua campanha agora depende de uma mentira”, afirma a The Economist.

A revista critica duramente os democratas por espelharem o comportamento subserviente dos republicanos em relação a Trump. “O Partido Democrata deve se olhar no espelho, começando pelo próprio Biden”, diz o editorial, apontando que muitos democratas estão tentando justificar a fraqueza de Biden com a necessidade de salvar a democracia americana de Trump.

O editorial destaca que Biden usa sua debilidade como evidência de sua vitalidade, uma lógica falha. “Seu argumento de que falhou no debate porque estava cansado de viajar pelo mundo é visto como um sinal de vitalidade”, ironiza a publicação.

A The Economist argumenta que, ao invés de usar táticas desonestas para encobrir suas próprias falhas, os democratas deveriam buscar uma renovação política verdadeira. A revista sugere que Biden deveria retirar-se da disputa, o que permitiria uma renovação no cenário político.

“A virtude da democracia é que os eleitores podem escolher seus governantes, mas Biden e Trump oferecem uma escolha entre o incapaz e o indizível”, observa a The Economist.

A estagnação na política presidencial é vista como um fracasso do sistema partidário, onde os partidos foram sequestrados por dinastias políticas. “Os democratas só podem começar a renovação se tomarem o controle e persuadirem Biden a se retirar”, argumenta o editorial.

“Acreditamos que um novo candidato teria uma boa chance de vencer, e seria apto para governar”, destaca a The Economist. “O sacrifício de Biden poderia ajudar a restaurar a política americana e preparar o caminho para um futuro melhor”, conclui o editorial.

A The Economist reitera sua posição de 2022, quando sugeriu que Biden não deveria buscar a reeleição devido à sua idade avançada. “Imediatamente após o debate, reforçamos nossa posição. Um novo candidato teria um pouco mais de dez semanas após a convenção para apresentar sua campanha”, afirma a revista.