Um lote de 3 mil pagers adquiridos pelo grupo terrorista Hezbollah foi sabotado e programado para explodir, resultando na morte de 12 pessoas e no ferimento de outras 2.750, nesta terça-feira (17). Embora Israel ainda não tenha assumido a autoria da operação, o The New York Times revelou que autoridades receberam a informação de que o país liderado por Benjamin Netanyahu implantou uma carga explosiva de menos de 50 gramas junto à bateria dos pagers encomendados pela organização terrorista.
O Hezbollah utiliza pagers em vez de celulares para evitar que o serviço de inteligência de Israel rastreie seus membros por meio de GPS e obtenha informações. Esses dispositivos foram um meio de comunicação popular durante as décadas de 80 e 90 e ficaram conhecidos como “bipes” no Brasil. Para enviar uma mensagem para outro usuário, a pessoa precisava ligar para uma central telefônica e dizer ao atendente com qual número gostaria de se conectar e qual a mensagem.
Recentemente, o Hezbollah comprou 3 mil pagers da marca Gold Apollo, que foram produzidas por uma empresa de fachada que fica na capital da Hungria, Budapeste. Israel, por sua vez, teria modificado os dispositivos, implantado explosivos junto a um tipo de interruptor, possibilitando que eles fossem detonados à distância.
Dentro dos equipamentos, foram implantados chips feitos de lítio acoplados à bateria. Eles fizeram com que o pager recebesse uma mensagem falsa, que ativou, em 4 segundos, um detonador automático.
A ideia era induzir os usuários do equipamento a pensarem ter recebido uma mensagem da central de comando do Hezbollah, e assim, manusearem o dispositivo no momento da explosão. Testemunhas ouvidas pela agência de notícias Reuters relataram que diversas pessoas foram feridas na cintura, nas mãos e na cabeça.
Utilizando um algoritmo específico para ser ativada, a tecnologia é considerada tão avançada que não pode ser detectada por nenhum método de verificação tradicional, mesmo os usados nos maiores aeroportos do mundo.
As detonações desta terça duraram cerca de uma hora. Imagens da câmera de segurança de um supermercado em Beirute mostram duas explosões. Uma delas junto a um homem que estava passando suas compras no caixa e outra de uma pessoa próxima a seção de frutas.
Mais de 50 ambulâncias e 300 equipes de emergência foram deslocadas para socorrer os feridos. Entre eles, 400 se encontram em estado crítico. O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani foi um dos que se feriram superficialmente.
O governo do país pediu que todos os libaneses que tiverem pagers os joguem fora imediatamente. O Hezbollah, por sua vez, prometeu retaliar Israel. No momento, contudo, o grupo terá que se concentrar em encontrar novas formas de se comunicar devido à perda dos equipamentos.
O Hezbollah é aliado do Hamas e, desde o início da guerra em Gaza, desencadeada no dia 7 de outubro de 2023, tem apoiado o grupo e ajudado nos ataques contra Israel. O caso dos pagers pode levar a um confronto direto entre o país e o grupo terrorista libanês.