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EUA perdem espaço na Amazônia com parceria militar entre Brasil e Colômbia, diz analista

Escola Superior de Guerra da Colômbia visita o estado do Amazonas para estreitar laços com as Forças Armadas Brasileiras. Especialista ouvida pela Sputnik Brasil explica os objetivos da Colômbia na Amazônia e se a influência dos EUA sobre Bogotá representa um risco para o Brasil.

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No dia 23 de junho, integrantes da Escola Superior de Guerra da Colômbia (ESG Col) visitaram o Comando de Fronteira Solimões, em Tabatinga (AM). Os militares visitantes avaliaram as atividades do Batalhão e do Exército brasileiros na região, próximo à fronteira brasileira com Colômbia e Peru, reportou o Defesa em Foco.

Governados por presidentes de esquerda, Brasil e Colômbia apostam na cooperação na área de Defesa para estimular os laços bilaterais. Logo após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, em outubro de 2022, o presidente colombiano, Gustavo Petro, anunciou a intenção de construir “relações estreitas” com o Brasil, com foco na defesa da Amazônia.

Para a professora do curso de Defesa e Gestão Estratégica Internacional da UFRJ, Adriana Marques, o Brasil tem muito a ganhar em uma parceria com seu vizinho amazônico.

“O Brasil já tem processo de cooperação em defesa com a Colômbia em estágio mais avançado do que com os demais países amazônicos, a exemplo da Comissão Binacional Fronteiriça [COMBIFRON]”, disse Marques à Sputnik Brasil.

Criada em 2012, a COMBIFRON tem focado seus esforços na manutenção da ordem e combate ao crime organizado. Em 2023, no entanto, Brasil e Colômbia querem inovar ao dar ênfase na defesa da biodiversidade e do meio ambiente.

A Colômbia vive um novo momento político. Durante muito tempo, suas Forças Armadas estavam focadas na questão do narcotráfico e no combate às [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] FARC”, notou Marques. “Nos últimos anos, Bogotá tem investido na proteção ambiental, montando estruturas militares e batalhões dedicados a essa questão.”

O Brasil de Lula tem o intuito de seguir a mesma linha, ao “considerar os assuntos ambientais como tema transversal, incluído na agenda do Ministério da Defesa”, disse a professora da UFRJ.

Segundo ela, a cooperação na área de defesa poderá, inclusive, contribuir para a retomada de projetos como o Conselho de Defesa Sul-Americano, que funcionava sob os auspícios da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) e da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

A sombra dos EUA

A cooperação militar entre Brasil e Colômbia na Amazônia soa alarmes para especialistas preocupados com a influência dos Estados Unidos no território da floresta. Historicamente, as Forças Armadas dos EUA têm na Colômbia um forte aliado no continente sul-americano.

“As relações [entre Bogotá e Washington] remontam à década de 1940 e são muito próximas”, considerou Marques. “Os militares colombianos são ainda mais ligados aos norte-americanos do que os brasileiros.”

No entanto, a cooperação com o Brasil diminui a influência dos EUA sob o governo de Bogotá, o que afasta o fantasma do intervencionismo norte-americano sobre a Amazônia.

“A influência dos EUA na região é inversamente proporcional à cooperação dos países amazônicos para protegerem sua soberania. A cooperação entre Colômbia e Brasil fortalece o poder sul-americano e diminui a influência dos EUA”, concluiu a especialista.

Brasil e Colômbia compartilham extensa fronteira amazônica, de cerca de 1.642,5 km. A cooperação militar entre os países vizinhos é regulada pelo Acordo de Cooperação em Matéria de Defesa, assinado em 2008, e tem na Comissão Binacional Fronteiriça (COMBIFRON) um de seus projetos mais exitosos.