Logo após as eleições, apoiadores de Jair Bolsonaro começaram a montar estruturas em torno de quartéis-generais por todo o país. Os grupos pediam atuação dos militares para manter o ex-presidente no poder, a despeito do resultado das urnas.
O ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que não interferiu na manutenção do acampamento montado em frente ao quartel-general do Exército no Distrito Federal por ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo a CNN Brasil.
A mídia recordou que no dia 11 novembro de 2022 Freire Gomes e os então comandantes da Marinha, Almir Garnier, e da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Junior, tinham assinado uma nota intitulada “Às Instituições e ao Povo Brasileiro”, na qual chamavam os acampamentos bolsonaristas de “manifestações populares”.
Quase dois meses depois, em 29 de dezembro, às vésperas do fim do mandato de Bolsonaro, o general Gustavo Henrique Dutra — então à frente do Comando Militar do Planalto — determinou o fim do acampamento em Brasília.
A determinação, no entanto, foi suspensa por Freire Gomes. No mesmo dia, ele ligou para o general e proibiu qualquer interferência no acampamento. Segundo disse à PF, a mando do ex-presidente.
Na última sexta-feira (1º) Freire Gomes prestou depoimento à PF na condição de testemunha.
O testemunho do ex-comandante é um dos pontos sensíveis da investigação que apresenta mais um elo entre o ex-presidente e a suposta tentativa de golpe de Estado. O general também confirmou aos investigadores ter presenciado reuniões para discutir termos de minutas golpistas.
No entanto, integrantes da cúpula militar ouvidos pela mídia consideram que a postura colaborativa do ex-comandante é uma espécie de “delação premiada” particular do general. O prêmio seria reparar danos à própria imagem e também da instituição, escreve a mídia.