Search

Pastor acusado de estupro disse que “diabo pegaria alma” de menino

Compartilhe nas redes sociais

São Paulo – Um garoto de 13 anos afirmou à Polícia Civil de Guarulhos, na Grande São Paulo, que foi estuprado pelo pastor Joilson da Silva de Freitas Santos, 39 anos, após o religioso argumentar que o “diabo iria pegar sua alma” caso “não fizesse sexo” com o acusado.

O líder religioso foi preso nessa quarta-feira (7/6) em seu apartamento no bairro Gopoúva, em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça a pedido da polícia.

Até o momento, o 5º DP de Guarulhos esclareceu cinco estupros atribuídos ao pastor, praticados no período de dois meses. Mas o número de vítimas “pode subir drasticamente”, segundo o delegado Fulvio Mecca, responsável pelas investigações.

Acompanhado dos pais e de uma advogada, o menino de 13 anos afirmou à polícia ter criado coragem para falar sobre o abuso, que teria ocorrido em 26 de maio, somente no último dia 2. Isso ocorreu logo após outro garoto, de 17 anos, registrar um boletim de ocorrência de estupro contra o religioso.

O abuso

O garoto de 13 anos afirmou ter ido ao apartamento do pastor, por volta das 22h do dia 26, para ser “discipulado”, como já havia feito em outras ocasiões, mas sem sofrer abusos.

Como de costume, Joilson chamou o adolescente até o escritório da residência, mas nessa ocasião pediu que o menino erguesse a camisa, perguntando o que o jovem sentia.

“Imediatamente, a vítima pediu para que parasse e ele [pastor] disse que não poderia, pois isso fazia parte do processo, que já passara pela mesma coisa”, diz trecho do relato do menino.

Em seguida, segundo o depoimento, o líder religioso teria exigido que o menino “fizesse sexo oral”, mas o jovem se negou.

“Então o pastor disse à vítima que se não fizesse, o diabo iria pegar a alma dele”

Por fim, o pastor tocou as partes íntimas do adolescente e ameaçou contar sobre isso para “todos da igreja”. A vítima afirma ter sido estuprada em seguida.

No último dia 2, quando o adolescente registrou o caso na polícia, a mãe dele afirmou ter enviado uma mensagem para a esposa do pastor, questionando sobre o abuso. “Através das mensagens, Joilson confessou ter praticado os crimes e pediu perdão pelo ocorrido, dizendo que foi assombrado e caiu na armadilha do inimigo”, diz trecho de relatório policial.

Outras vítimas

A primeira denúncia foi feita no dia 1º, quando um jovem de 17 anos registrou um boletim de ocorrência de estupro contra o pastor evangélico. O adolescente afirmou ter sido abusado sexualmente por Joilson, também no apartamento do religioso.

A partir dessa acusação, investigadores do 5º DP identificaram outras duas vítimas do pastor, o menino de 13 anos e outro adolescente, também de 17 anos.

De acordo com as investigações, o pastor liderava uma célula de crianças e adolescentes há cerca de 12 anos. Ele se autointitulava “discípulo” e ministrava “lições” de costumes aos jovens do grupo, com orientações, por exemplo, sobre como evitar a promiscuidade.

Para isso, segundo o levantamento da Polícia Civil, o líder religioso forçava as vítimas a pesquisarem na internet vídeos e fotos de pornografia.

“Posteriormente chantageava-os para não divulgar tais pesquisas para os pais e respectivos fiéis da igreja, mantendo assim relações sexuais no interior de um escritório que mantinha em seu apartamento”, afirma trecho de relatório policial, assinado pelo delegado Fulvio Mecca, titular do 5º DP.

No apartamento de Joilson também foi cumprido um mandado de busca e apreensão. Foram confiscados memórias de computador, celulares, um tablet, um notebook e até um colchão, onde os estupros seriam praticados.

Metrópoles não encontrou nenhum advogado para comentar a prisão do pastor. Até a publicação desta reportagem, o celular do grupo liderado pelo pastor estava desligado. O espaço segue aberto para manifestações.

Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, 79% dos estupros registrados em Guarulhos, entre janeiro e abril deste ano, foram contra vulneráveis – vítimas abaixo dos 12 anos de idade, ou com alguma deficiência, física ou intelectual. Foram 77 casos, de um total de 97.