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Pela terceira vez, projeto contra fake news é retirado de pauta na Assembleia Legislativa

Deputado Coronel David pediu vistas e Pedro Kemp ironizou dizendo que "bolsonaristas têm medo"

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O projeto de lei que visa a prevenção e combate à disseminação de fake news foi novamente retirado de pauta na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, nesta terça-feira (2).

A proposta é de autoria do autor Pedro Kemp (PT) e estava na pauta para votação, mas o deputado Coronel David (PL) pediu vistas.

Esta é a terceira vez que a votação é adiada devido a pedido de vistas. Anteriormente, os pedidos foram feitos pelos deputados Rafael Tavares (PRTB) e João Henrique Catan (PL).

“Como bolsonarista tem medo de fake news né?”, ironizou Pedro Kemp após o novo pedido.

Conforme o projeto de lei, a proposta é o desenvolvimento de instrumentos que visam à edução, prevenção e combate à disseminação de notícias falsas.

Na tribuna, Rafael Tavares criticou o projeto, afirmando se tratar de censura.

“O tem está sendo debatido em Brasília também e veio aqui para essa Casa. Pedi vistas porque entendo que é uma situação muito perigosa e ameaça nossa liberdade. O que é fake news? É mentira. Alguém que se diz combater a mentira pode ser inicialmente como virtude, mas quando se cria um projeto, alguém tem que determinar o que é fake news, e quando dá poder para o governo dizer o que é e o que não é fake news, está dando poder para censurar”, disse.

Segundo Tavares, a mentira existe na humanidade “desde sempre, mas a opinião tem que ser respeitada”.

Ele usou situações políticas para argumentar seu ponto de vista e disse que pessoas que se sentiram ofendidas por comentários que sejam mentiras, podem acionar a justiça e processar por calúnia ou difamação, não sendo necessária uma lei que impeça as fake news.

“Quando a esquerda diz que o ex-presidente Jair Bolsonaro é genocida sem ele ter condenação, é fake news, eu entendo que seja, mas está na sua liberdade garantida de interpretar daquela forma.

Quando eu digo que Lula é ladrão, para mim é verdade, mas o Supremo descondenou, então pode ser interpretado como fake news”, argumentou.

Por fim, ele diz que o projeto é inconstitucional por ferir o artigo 5º da Constituição, que trata sobre liberdade de expressão, e afirma que o projeto “censura a opinião política das pessoas”.

Na última sessão, Pedro Kemp defendeu a proposta.

“Não podemos ser terra sem lei, onde as pessoas fazem o que bem entendem e divulgam informações mentirosas, que ferem a dignidade do ser humano e atingem a integridade moral das pessoas. A fake news é construída e pensada para que ganhe uma capa de informação verdadeira. Mato Grosso do Sul precisa estabelecer um canal de denúncias e investigar os casos de notícias falsas”, afirmou Kemp na tribuna.

Projeto de Lei

Conforme o texto do projeto de Pedro Kemp, a proposta autoriza o Governo do Estado a orientar, por meio dos órgãos competentes e programas, a criação de canal de comunicação direta para que os internautas encaminhem denúncias e provas que permitam identificação de infratores; divulgação de campanha de combate aos crimes cibernéticos; capacitação dos professores sobre o tema, com integração pedagógica e temas transversais; realização de palestras, cursos, seminários, especialmente com responsáveis por articulação de políticas públicas para idosos e para a juventude; promoção de convênios com municípios, por meio de Conselhos de Segurança; e, aperfeiçoamento na Segurança Pública para o Combate aos Crimes de Alta Tecnologia.

O projeto ainda determina que se os autores dos crimes cibernéticos forem agentes ou funcionários públicos, deverá o órgão competente estadual encaminhar cópia para a autoridade competente com a finalidade de abertura de processo disciplinar para apuração dos fatos.

O texto teve parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) para tramitar na Casa.