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Queimadas no Pantanal emitem gases que poluem o ar e afetam a saúde da população

Ar de Corumbá teve pico de gases poluentes desde o começo deste mês

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Além da intensidade acima do normal dos incêndios do Pantanal e a fumaça invadindo Corumbá e Ladário, a população da região também está refém da emissão de gases nocivos por conta das queimadas.

Segundo o professor de Física e doutor em Geofísica Espacial, Widinei Alves Fernandes, em um incêndio ocorre a queima de matéria orgânica que produz primariamente água e dióxido de carbono.

“Também são produzidas outras espécies químicas, tais como monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos, e partículas, os quais são incorporados à atmosfera; sendo a ela misturados e transportados”, explica.

Qualidade do ar

Widinei coordena a Estação de Qualidade do Ar da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e estava fazendo o monitoramento da qualidade do ar em Campo Grande.

“Na região de Corumbá ainda não existe o monitoramento da qualidade do ar, que permitiria medir a concentração dos poluentes, no entanto, alguns poluentes podem ser obtidos por sensores abordos de satélites”, diz.

Monóxido de Carbono (Reprodução, LCA)

Segundo ele, imagens de satélites mostram altos valores para monóxido de Carbono e dióxido de Nitrogênio entre 2 a 18 de junho. “Esses altos valores juntamente com a fumaça revelam que a população está respirando um ar, no mínimo, ruim”, ressalta à reportagem.

O profissional explica que a escala de qualidade no ar começa em boa, depois moderada, ruim, muito ruim e péssima, “A exposição a esses poluentes estar relacionados com doenças respiratórios, problemas cardíacos, AVC e outros”, alerta.

Dióxido de nitrogênio em Corumbá (Reprodução, LCA)

Prejuízos à saúde

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), se expor por muito tempo a esses poluentes afeta a saúde. Vale ressaltar que, segundo as autoridades que atuam no Pantanal, este é apenas o início das queimadas. Ou seja, a população ainda deve continuar respirando aquele ar por alguns meses.

Conforme estimativas da OMS, a poluição do ar é responsável por cerca de 7 milhões de mortes prematuras por ano em todo o mundo, com mais de 300 mil ocorrendo na região das Américas.

Pantanal sofre com queimadas que podem superar a destruição de 2020.

A organização coletou um grande volume de evidências para demonstrar que os impactos da poluição atmosférica na saúde humana são tão graves quanto os associados ao tabagismo e a dietas não-saudáveis.

A exposição aos gases faz com que crianças tenham o desenvolvimento pulmonar prejudicado, além de infecções respiratórias e piora na asma. Já entre os adultos, as doenças cardíacas e os derrames cerebrais são as principais causas de mortes prematuras atribuídas à poluição do ar.

Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), nas últimas 24 horas, Corumbá acumulava 231 focos de incêndio ativos. O acumulado para em 2024 já chega a 2.220, deixando a cidade como a que tem mais focos de fogo no Brasil.

Conteúdo retirado do Midia Max.