Expectativa dos analistas consultados pela Secretária de Política Econômica para o resultado primário do governo federal piorou para este ano e para o próximo. O relatório Prisma Fiscal, divulgado nesta sexta-feira, 12, pelo Ministério da Fazenda de Fernando Haddad (foto) aponta que a mediana das estimativas para o rombo nas contas públicas em 2024 passou de 79,7 bilhões de reais no levantamento anterior para 81,42 bilhões de reais.
O Prisma Fiscal é uma pesquisa mensal da Fazenda sobre as projeções de bancos e economistas do setor privado para variáveis econômicas em geral e fiscais das contas públicas. No documento apresentado esta sexta-feira, os dados foram coletados até o quinto dia útil de julho.
Aos poucos a realidade vai dando lugar à esperançosa peça orçamentária apresentada pelo governo no ano passado. As metas fiscais para este e para o próximo ano é zerar o déficit primário, que compara despesas e receitas excluídas as relacionadas com juros.
Deterioração
Durante o primeiro semestre, o boletim Prisma apontou uma melhora nas expectativas dos analistas até maio, quando as estimativas coletadas pela equipe econômica apontavam para um déficit de 76,8 bilhões de reais.
Nos dois últimos levantamentos, no entanto, a deterioração no sentimento relativo ao compromisso do governo com as contas públicas levou à revisões que aumentaram as perspectivas do rombo para 81,4 bilhões de reais, quase 5 bilhões de reais a mais que o estimado em maio.
Esse montante está bem longe do limite inferior da meta fiscal, que gira em torno de 30 bilhões de reais (ou 0,25% do Produto Interno Bruto). Para 2025, o mercado prevê piora ainda maior, com o déficit primário chegando a 95,3 bilhões de reais, também uma alta de 5 bilhões desde o boletim anterior.
Meta fiscal
O governo alterou a meta fiscal para 2025, recentemente, de um superávit de 0,5% do PIB para a repetição do déficit zero. Caso as previsões do mercado se confirmem, a equipe econômica tem duas alternativas possíveis: alterar a meta fiscal no fim do ano para encaixar a realidade (e lidar com a perda de credibilidade junto ao mercado) ou descumprir o arcabouço fiscal no primeiro ano de vida da nova regra e sofrer as limitações orçamentárias previstas na norma, o que deixaria Lula como pouquíssima margem de manobra orçamentária para as eleições de 2026. Ganha um doce quem adivinhar o que vai acontecer.