Apoiadores de Pablo Marçal (PRTB), derrotado nas urnas neste domingo, passaram a inundar as redes sociais do ex-presidente Jair Bolsonaro com críticas pela falta de apoio à candidatura do ex-coach na disputa em São Paulo. Os quatro posts feitos pelo ex-mandatário no Instagram nas últimas 24 horas somam quase 60 mil comentários, grande parte de eleitores de Marçal.
Os “marçalistas” acusam Bolsonaro de ter “dado a vitória” a Guilherme Boulos (PSOL) ao decidir apoiar o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que mira a reeleição. Os dois disputarão o segundo turno em São Paulo no dia 27 de outubro, enquanto o ex-coach acabou no terceiro lugar.
Entre os comentários mais recorrentes, estão os que culpabilizam o ex-presidente e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pelo resultado do primeiro turno, com Marçal superado por Boulos por uma diferença de menos de um ponto percentual, ou cerca de 56 mil votos. “Parabéns, presidente. Por conta do teu ‘rabo preso’ perderemos a maior cidade do Brasil”, escreveu um internauta. “Espero que ‘Boules’ ganhe, para vocês sentirem na pele a furada que fizeram”, disse outro. “Vou no Boulos só de raiva”, escreveu um terceiro.
Eleitores de Marçal também chamaram o ex-presidente de “traíra”, “medroso” e usaram a frase de efeito “Bolsonaro nunca mais”, comumente empregada por lideranças e militantes de esquerda nas redes sociais.
Apoio de Bolsonaro disputado em SP
Apesar de oficialmente apoiar Nunes, por decisão do PL, o ex-presidente chegou a fazer alguns acenos a Marçal durante a campanha. Um deles no próprio domingo de votação, quando, ao deixar a zona eleitoral onde votou no Rio de Janeiro, disse que “apoiaria qualquer um contra Boulos” em um hipotético segundo turno sem o emedebista.
— Em São Paulo, há uma situação nova: um garoto novo do PRTB meio polêmico. Vamos ver como o povo decide — disse Bolsonaro, que confirmou que apoiaria Marçal em caso de disputa contra Boulos. — Contra o Boulos qualquer um.
Por outro lado, Bolsonaro relatou desconforto com um episódio com Marçal, que aconteceu há dois meses, quando se encontraram a sós por uma hora.
— Depois do encontro, ele afirmou ao Estado de SP que eu não ia apoiar o Nunes, iria apoiá-lo. Mas eu não falei isso. O vice (do Nunes) é meu — disse ele, destacando a indicação de Ricardo Mello Araújo, do PL, para o cargo.