Por mais que fale que é um presidente democrático, da paz, do amor, da amizade, da união, da compreensão, Lula não consegue esconder seus traços arbitrários.
Hoje, durante sua live no Palácio do Planalto, o presidente da República soltou a seguinte pérola: “A sociedade não tem que saber como é que vota um ministro da Suprema Corte. Sabe, eu acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber. Votou a maioria 5 a 4, 6 a 4, 3 a 2. Não precisa ninguém saber foi o Uchôa que votou, foi o Camilo que votou. Aí cada um que perde fica com raiva, cada um que ganha fica feliz.”
Desculpe presidente, a população quer sim saber como votam os ministros da Suprema Corte. E, parafraseando um ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, basta ir às ruas. Vá às ruas, presidente. Vá às ruas!
Desde 2006, os julgamentos do STF são transmitidos em TV aberta. Obviamente que nem todo cidadão brasileiro consegue compreender a complexidade de determinados votos ou por quais motivos o STF, vira e mexe, altera suas jurisprudências, mas essa proximidade da Justiça com o cidadão foi sim benéfica ao país.
Graças à publicização dos votos, o cidadão brasileiro ficou atento ao que acontecia no STF durante o julgamento do mensalão (aquele que botou José Dirceu, amiguinho de Lula, na cadeia), ou na análise do processo sobre a interrupção da gravidez de fetos anencéfalos, para ficar em apenas dois casos.
Hoje, graças à TV Justiça, todo cidadão brasileiro sabe (ou ao menos já ouviu falar) quem é Rosa Weber, Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Edson Fachin, Nunes Marques, André Mendonça, Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes.
Moraes, este então, merece um capítulo à parte. Amado por petistas e odiado por bolsonaristas, Moraes virou figurinha de WhatsApp, fantasia de Carnaval e é mais conhecido que muito cantor ou ator por aí. Tudo isso graças à publicidade de suas decisões.
Sejamos honestos, Lula não se incomodou com a exposição dos ministros do STF. Lula está incomodado ao ser cobrado pela esquerda pelos votos de Zanin contra bandeiras caras aos militantes petistas. Ao sugerir o sigilo para os votos dos ministros do STF, Lula quer jogar para debaixo do tapete as críticas ao seu pupilo e transformar o Supremo em um singelo puxadinho do Poder Executivo.
Em resumo: Lula, mais uma vez, sendo Lula.