A cerimônia de entrega do submarino Humaitá (S-41) ao Setor Operativo da Força Naval ocorreu nesta sexta-feira (12) no Complexo Naval de Itaguaí, litoral sul do Rio de Janeiro. A embarcação é a segunda de quatro da classe Riachuelo em produção no âmbito do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), da Marinha.
A embarcação visa realizar patrulhamento das águas em território brasileiro, em especial da região amazônica, considerada estratégica para o país.
O ministro da Defesa, José Mucio, ao lado do comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, durante a cerimônia de lançamento do submarino Humaitá (S-41), em Itaguaí (RJ), em 12 de janeiro de 2024
Para o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, a novidade vai gerar empregos de forma direta e indireta e contribuir para a tecnologia brasileira. “Isso faz o dinheiro girar na economia e coloca o Brasil enquanto país pujante.”
Além disso, segundo ele, o uso do submarino reforçará um dos objetivos das Forças Armadas do Brasil — proteger os interesses do Estado. “É um passo bastante audacioso que o país deu, com a assinatura da parceira estratégica em 2018.”
A embarcação ainda passará por testes operacionais, que se iniciam em duas semanas e incluem testagem de armamentos e de velocidade máxima.
Outros navios serão lançados nos próximos anos: O S-42, em 2025; o S-43, em 2027; e o submarino nuclear, em 2036.
O ministro da Defesa, José Mucio, destaca a necessidade de investir na segurança brasileira e que apenas essa ação já gerou mais de 60 mil empregos diretos ou indiretos. “Hoje é um dia importantíssimo para o Brasil, para a Marinha, para o estado do Rio, para todos que contribuíram para fazer essa grande obra. Cada um desses 60 mil [empregos] tem um pedacinho dentro do submarino.”
O comandante da embarcação, capitão de fragata Martim Bezerra de Moraes Junior, também esteve presente na cerimônia.
Integrantes da Marinha durante cerimônia de entrega do submarino Humaitá
De propulsão diesel-elétrica, o Humaitá faz parte da classe Riachuelo, que já conta com um modelo homônimo (S-40), em operação desde setembro de 2022. Ainda estão em produção o S-42 Tonelero e o S-43 Angostura.
Derivados da classe francesa Scorpène, os modelos Riachuelo são construídos pela Itaguaí Construções Navais, empresa na qual a Marinha possui golden share, com transferência de tecnologia da França.
De acordo com a Marinha, os navios, ao serem incorporados à Força de Submarinos, servirão como força de dissuasão e instrumento de apoio à política externa do país, por meio do cumprimento de uma “gama de missões”.
“Entre elas a de patrulhar as águas jurisdicionais brasileiras que formam a Amazônia Azul e as áreas de importância estratégica para o Brasil no Atlântico Sul”, informou a Marinha, em nota.
Como é o submarino Humaitá
Podendo atingir uma velocidade de até 37 km/h, o Humaitá tem 71,62 metros de comprimento, 6,2 metros de diâmetro e um deslocamento submerso de 1.870 toneladas. O submarino contará ainda com quatro motores a diesel e quatro geradores elétricos.
Com um tempo máximo de imersão de cinco dias a 300 metros de profundidade, o submarino pode ainda ficar outros 70 dias no mar. Sua equipe de operação contará com 8 oficiais e 27 praças, totalizando uma tripulação de 35 pessoas.
Submarino Humaitá é içado durante cerimônia de lançamento
Mais importante ainda são seus sistemas de combate, capazes de gerenciar um arranjo variado de sensores acústicos, de radares, de guerra eletrônica, eletro-óticos e ópticos. Entre suas armas estão seis tubos lança-torpedos de 21 polegadas para torpedos F21, mísseis SM39 SubExocet e minas submarinas.
O submarino conta também com dois lançadores de contramedidas Contralto-S para despistadores de torpedos CANTO e dois periscópios, um tradicional e outro optrônico, capaz de enviar imagens diretamente para a equipe de controle.
Submarino nuclear: a cereja do bolo
O grande projeto do Prosub, que coroará o Brasil como líder inconteste das águas sul-americanas, é o Álvaro Alberto (SN-10), o submarino de propulsão nuclear brasileiro. Até agora apenas seis nações possuem uma embarcação desse gênero.
A grande diferença do submarino nuclear para o convencional é a sua capacidade de permanecer submerso por muito mais tempo, podendo ficar meses embaixo das águas. Geralmente, afirmam especialistas, a embarcação emerge por conta do estresse psicológico da tripulação, e não por falta de energia.