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Toni Ueno constrói um histórico de irregularidades em pesquisas eleitorais

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O Instituto Ranking Brasil, comandado por Antônio José Ueno, mais conhecido como Tony Ueno, acumula uma série de processos e investigações relacionadas à validade e regularidade de suas pesquisas eleitorais. Com atuação em Mato Grosso do Sul desde 2002, o instituto tem se envolvido em diversas polêmicas que colocam em dúvida a credibilidade de seus levantamentos, frequentemente apresentando resultados questionáveis e desrespeitando exigências legais.

A lista de episódios envolvendo Ueno é extensa e data de mais de uma década. Em 2016, o empresário, então proprietário do AJ. Ueno Instituto de Pesquisas, foi condenado pela Justiça Eleitoral a pagar multa de R$ 5 mil por impulsionar ilegalmente no Facebook uma pesquisa que apontava o candidato Marquinhos Trad (PSD) como líder nas intenções de voto. Segundo a decisão da juíza Eucelia Moreira Cassal, da 8ª Zona Eleitoral de Campo Grande, a pesquisa foi promovida com o objetivo de ganhar maior notoriedade na rede social, prática vedada pela legislação eleitoral. A denúncia partiu da coligação da candidata Rose Modesto (PSDB), que também solicitou a condenação de Marquinhos Trad. No entanto, a Justiça não encontrou evidências suficientes para responsabilizar o candidato do PSD diretamente pela irregularidade.

O histórico de reincidência em problemas com pesquisas eleitorais remonta ao mesmo período. Em 2016, o Ministério Público Eleitoral instaurou um Procedimento Preparatório para investigar possíveis fraudes em levantamentos realizados pelo Instituto Valle, também pertencente a Tony Ueno. Na época, o juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, da 44ª Zona Eleitoral, identificou indícios de manipulação de dados, como a falta de nota fiscal pela contratação dos serviços, ausência de indicação de fonte pública dos dados utilizados e inconsistências no número de entrevistados. A Representação nº 414-35.2016.6.12.0053 embasou o procedimento, levando à abertura de uma investigação detalhada para apurar os impactos dessas práticas na integridade do processo eleitoral. A promotora responsável pelo caso foi Renata Ruth Fernandes Goya Marinho.

Tony Ueno é conhecido por sua proximidade com políticos, especialmente Marquinhos Trad, com quem foi visto em fotos em diversas ocasiões, o que alimenta suspeitas sobre a imparcialidade de seus levantamentos. A relação entre Ueno e Trad tornou-se alvo de críticas devido à recorrência de pesquisas favorecendo o político do PSD e levantamentos que, mesmo após impugnações, continuavam sendo divulgados com resultados que beneficiavam sua campanha.

Em 2022, Tony Ueno voltou a ser investigado por possíveis irregularidades em pesquisas. Uma das sondagens realizadas pelo Instituto Ranking foi impugnada pela Justiça Eleitoral após suspeitas de fraude e descumprimento das normas estabelecidas. A pesquisa, registrada com o número BR-047242 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apresentava inconsistências no número de eleitores entrevistados, além da ausência de informações essenciais, como a fonte dos dados coletados e a justificativa para o custo dos serviços prestados. A situação levantou questionamentos sobre a transparência do instituto e a real validade dos dados divulgados.

O envolvimento de Ueno em controvérsias vai além das pesquisas eleitorais. Em 2020, ele foi alvo de um Termo Circunstanciado Eleitoral por suspeita de realizar pesquisa fraudulenta, configurando descumprimento do artigo 33, § 4º, da Lei n. 9.504/1997. A repetição das infrações demonstra a falta de compromisso com as normas legais e reforça a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa sobre as atividades do Instituto Ranking e outras empresas ligadas a ele.

Com um histórico que compromete a credibilidade e coloca em dúvida a seriedade dos resultados divulgados, o Instituto Ranking Brasil, sob a liderança de Tony Ueno, permanece sob suspeita. Para as próximas eleições, será essencial que os órgãos responsáveis intensifiquem a fiscalização para garantir que as pesquisas eleitorais sejam conduzidas com transparência, evitando práticas que possam interferir no processo democrático.