O presidente da China, Xi Jinping, planeja visitar a Rússia na próxima semana, disseram pessoas familiarizadas com o assunto nesta segunda-feira, enquanto Moscou e Kiev relataram intensos combates na batalha mais sangrenta da guerra pela cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia.
Uma visita de Xi na próxima semana, dias depois de ele garantir um terceiro mandato como líder da China, ocorreria mais cedo do que o esperado. O presidente russo, Vladimir Putin, que já convidou publicamente Xi para ir a Moscou sem especificar uma data, deve retratar a viagem como uma demonstração de apoio à guerra da Rússia na Ucrânia.
As fontes informadas sobre a questão não quiseram ser identificadas devido à sensibilidade do assunto. O Ministério das Relações Exteriores da China não respondeu imediatamente a um pedido de comentário e o Kremlin se recusou a comentar.
No campo de batalha, ambos os lados descreveram combates implacáveis em Bakhmut, uma pequena cidade em ruínas no leste da Ucrânia que se tornou o foco principal de uma campanha de inverno russa envolvendo centenas de milhares de reservistas recém-recrutados e mercenários.
Kiev anunciou na semana passada que decidiu defender Bakhmut em vez de se retirar. As forças russas lideradas pelo exército privado de Wagner capturaram a parte oriental da cidade, mas até agora não conseguiram cercá-la.
“Todas as tentativas inimigas de capturar a cidade são repelidas por artilharia, tanques e outras armas”, disse o general ucraniano Oleksandr Syrskyi, comandante das forças terrestres que prometeu não se retirar, segundo o Centro Militar de Mídia da Ucrânia.
O fundador do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, afirmou no domingo que a situação era “difícil, muito difícil”.
“Quanto mais perto estivermos do centro da cidade, mais difícil será a luta… Os ucranianos colocam reservas infinitas. Mas estamos avançando e continuaremos avançando”, disse Prigozhin em comentários divulgados por sua assessoria de imprensa.
Ele também afirmou que os soldados russos estavam fornecendo caminhões de munição para suas tropas. Ele já havia reclamado que o alto escalão da Rússia estava deliberadamente deixando seus homens sem munição, uma alegação que o Ministério da Defesa rejeitou.
“SEM LIMITES”
Uma visita de Xi à Rússia seria um grande acontecimento para Putin, que retrata a guerra na Ucrânia como um conflito com o poder combinado do Ocidente. A Rússia depende da China para comprar petróleo e gás que não pode mais vender na Europa.
A China tem sido publicamente neutra em relação à guerra, recusando-se a atribuir culpa, ao mesmo tempo em que se opõe às sanções ocidentais contra a Rússia. O país se ofereceu nas últimas semanas para mediar a paz, uma proposta recebida com ceticismo no Ocidente.
Os Estados Unidos têm dito desde o mês passado que acreditam que a China está considerando armar a Rússia, o que Pequim nega. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse que isso seria um convite à Terceira Guerra Mundial.
China e Rússia firmaram uma parceria “sem limites” em fevereiro de 2022, semanas antes de a Rússia invadir a Ucrânia, e os dois lados reafirmaram repetidamente a força de seus laços em público. O principal diplomata da China visitou Moscou em fevereiro durante a semana do primeiro aniversário da guerra, quando o presidente dos EUA, Joe Biden, viajou para Kiev.